sexta-feira, 14 de março de 2014

Criei um MONSTRO e não sabia! A minha filha!

Tivemos a grande sorte de, até ao dia de hoje, a nossa filha ser uma excelente aluna. Isto é um tiro no escuro. Nunca sabemos muito bem como é que eles vão ser quando chegam à escola. Mas, por enquanto, está a correr bem. (Nem gosto de falar muito nisso, não vá o diabo tecê-las)
 
Desde o 1.º ano (para mim, 1.ª classe), que está no quadro de mérito. Adora a disciplina de Língua Portuguesa. Rapidamente deixou de dar erros. Escreve composições muito bem. Lê bastante. Um gosto natural. Um gosto que apoiamos, lá por casa, e estimulamos. Com o exemplo.
 
Há cerca de 2 ou 3 semanas chegou a casa e disse-me:
- Mãe, vou inscrever-me nas olimpíadas de matemática!
Eu: Oi?!? Vais?!?
Ela: Vou!
 
Confesso que, naquela hora, não dei muita importância ao assunto. Ela é boa aluna, sem dúvida, mas não é assim exceleeente a matemática! A ideia que me ficou foi mais ou menos esta: está bem abelha... E o assunto morreu ali.
 
Pois, achava eu...
 
2.ª feira.
- Mãe, estou na final das olimpíadas com mais uns colegas. Só há lugar para dois. Os que passarem vão ao Fundão na 6.ª feira ao campeonado nacional.
- What?!? (pensei) Espera aí? Estás quê?
E ela lá explicou que na 4.ª feira seria o dia D nesta demanda. E o entusiasmo era tanto que achei melhor dar mais atenção ao assunto. Comecei a achar que, se calhar, tinha substimado a minha própria filha...
 
Na 4.ª feira.
Como habitualmente fui buscá-la à escola. E assim que passou o portão pulou, saltou, agarrou-se a mim. Tinha passado. Ela e outro colega da turma. Eram finalistas. Íam ao Fundão representar a escola no campeonato nacional.
Não consigo explicar o orgulho que senti. Apetecia-me carregá-la em ombros. O pai ficou radiante com a sua menina. Contámos à família, como se ela tivesse conquistado o maior dos troféus. O orgulho é imenso. A alegria também. Estamos cheios. Cheios dela. Dou por mim a sorrir sozinha. A pensar neste feito.
 
Hoje.
6.30 da manhã. As duas na casa de banho a trocar olhares cúmplices. Nós depositámos-lhe toda a nossa confiança. Ela depositou em nós a sua. Levei-a ao autocarro da escola sede do agrupamento. E lá estavam os outros colegas finalistas das outras escolas, incluíndo os da escola secundária. E lá foi a nossa menina. Para o Fundão. E nós com a sensação de que ela partiu para muito longe. Mas em representação da sua escola e não em busca de novas oportunidades.
 
De volta a casa disse ao meu marido:
- Qualquer dia lá vai ela para mais olonge. Num erasmus qualquer... Disse-o com uma pontinha de esperança. E de saudosismo.
 
Os filhos não são nossos. Sobre isso escreveu José Saramago.
Os filhos não são perfeitos. Nem os pais. E por ter consciência disso, não estava à espera deste desfecho. Temos em casa uma boa aluna, mas não andamos a competir com ninguém.
 
Esta decisão que ela tomou foi um grande passo na sua auto-confiança e determinação. Que nos deixou admirados. Espantados. Felizes. Orgulhosos.
Criámos um monstro! Um monstro da matemática! E não sabíamos. :)
 

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