quinta-feira, 31 de outubro de 2013

6 574 dias

Gosto especialmente desta imagem!
Transmite-me um sentimento imenso de sustentabilidade.

Pensar que a data do namoro a vista já não alcança, devido ao tempo que passaram em conjunto, é qualquer coisa que raramente ocorre nos dias de hoje. Pelo contrário, nos dias de hoje há quem regresse ao local do crime para apagar os vestígios.

O amor tornou-se descartável.

As memórias já não se constroem cimentadas em algo maior. Constroem-se para consumo imediato e a velocidade dos dias criam uma nova geração que a cada experiência procura superar-se e, por isso, o resto acaba por desvanecer-se per si, perdendo valor rapidamente.

São assim os namoros de hoje. Um mais um, hoje. Amanhã, um outro mais um outro. E assim sucessivamente.

Entre as figuras da imagem, há várias partilhas. A do tempo passado em comum, desde a data pirogravada. A da falta de vista. A dos cabelos brancos. A do corpo curvado. A da bengala. No sítio onde estão os corações, dois ramos novos. Talvez os netos... E a memória, a memória de ambos.

É extraordinária a capacidade de comunicar através da imagem, sem uma única palavra para exprimir o que sentimos. É, de facto, uma arte, retratar a vida desta forma. Como também é uma arte viver tanto tempo com alguém e, com essa pessoa, crescer.





Por detrás destas partilhas, adivinho outras tantas. A partilha de momentos de alegria, de momentos de agonia. A partilha da cama, manhãs de domingo em pijama. A partilha dos tostões, o amealhar para as ocasiões. A partilha de ambições, a memória de canções.

Assisti a algumas partilhas entre pessoas mais velhas. Mas desde pequena que havia uma que me intrigava... a do copo à refeição! Era em casa dos meus avós, dos meus tios, em casa dos meus pais e outros que tais. Mas porque razão os casais partilhavam o copo de água ou de vinho em vez de darem um beijinho?

Coisa estranha aquela, sem explicação. Coisa que, não sabia, não precisava de nenhuma razão...

Cheguei a pensar tratar-se de uma poção mágica entre os casais. Não encontrava outra explicação, não percebia aquela motivação.

Tantos anos, eu e tu?

Sim, tantos anos... eu e tu... 6574 dias ou 18 anos, é dizer exactamente a mesma coisa. É dizer que já partilhamos o nosso copo à refeição, mas sem qualquer poção! É dizer que já temos algumas partilhas, já amealhámos alegrias. É dizer que não sabíamos nada. Para mim, é dizer que também eu, sem dar por isso, comecei a partilhar o meu copo contigo.

Não me interessa se é um costume antigo!

É dizer que cá estamos e que continuamos a contar um com o outro. É dizer que também na nossa árvore já temos dois ramos, e não, não são os netos, que a idade ainda não permite. É dizer que, por agora, o que nos une é mais forte do que aquilo que nos separa. É dizer, coisa rara!

E não, não precisamos de presentes nestes dias para dizer: Presente! Não precisamos de um programa especial, de montar um carnaval. Não é preciso, mas digo: gosto de partilhar histórias! E esta que sirva para emocionar alguém.

Não somos perfeitos, Deus nos livre. Somos imperfeitos e, por isso, com os nossos defeitos, caminhamos, partihamos e amamos, tudo o que a vida tem para nos dar.

6574 dias!
Amanhã serão... 6575.



Também estamos no Facebook, claro!


terça-feira, 29 de outubro de 2013

C'a nervos!

Há poucas coisas na vida que me tiram do sério.
É claro que não fico séria perante injustiças, aldrabices, mentiras, mães que abandonam filhos, amigos intrujões, falsos perfis, jogadas sujas, entre mil e uma coisas que a maioria das pessoas (pelo menos das pessoas com quem me dou) não tolera.

Mas uma coisa é ficar completamente estarrecida quando sou surpreendida com determinados comportamentos ou atitudes. Outra, é ficar num estado de nervos tal que no meu cérebro gera-se um ciclo de palavras cabeludas e impropérios que não me atrevo a verbalizar (qualquer coisa deste género #$$##%&& @nj££l &%%"!).

Quem me conhece sabe que sou pontual. 
Aliás, pontualíssima. Tento sempre chegar mais cedo do que a hora combinada. (E fico louca se alguém se atrasa!)

Quem me conhece sabe que conheço todos os atalhos e mais algum para não correr o risco de não apanhar trânsito.

Quem me conhece sabe que prefiro fazer as compras do mês à primeira hora do dia (ou melhor, à primeira hora do hipermercado), para não ter problemas a estacionar, não ter pessoas a empatarem-me a passagem com carrinhos de compras, não ter filas nas caixas e ir embora quando começam a chegar clientes (os que não se enervam com isto).

Quem me conhece, sabe que faço listas antes de ir ao supermercado para não perder tempo a pensar no que me falta e porque, como vou sempre ao mesmo, sei onde está tudo. Vou direito aos sítios e pronto!

Quem me conhece, também sabe que quando chego a casa arrumo tudo a pensar no momento em que vou utilizar as coisas. Por isso, os produtos mais antigos vêm para a frente, os ovos mais antigos ficam por cima, a carne e o peixe são congelados em sacos e nas proporções certas para as refeições (tendo em conta que somos quatro pessoas e alguns são congelados já temperados), os coentros e as ervas aromáticas que podem ser congeladas (adoro usar ervas aromáticas) já vão lavadas e arranjadas para o congelador e tudo o que estiver embalado, sai das embalagens e é organizado por géneros. 

(Acreditem meus queridos: há quem não faça nada disto!)

Quem me conhece, sabe que para poupar tempo só faço compras assim uma vez por e mês e, apesar de tanta organização, dois ou três dias antes do dia C (de compras) ando a mentalizar-me... para a execução desta árdua tarefa que só me faz perder tempo...

Daqui facilmente se percebe que não ando atrás de talões nem promoções. Não vou a um supermercado buscar uma coisa e a outro buscar outra. Não me façam perder tempo! Se soubermos REALMENTE do que precisamos não gastaremos dinheiro desnecessariamente. Faço isto há anos e continuo a achar que é a melhor forma de gerir a dispensa!

Quem me conhece sabe que não ando em centros comerciais se não puder juntar duas ou três coisas para lá ir apenas uma vez! Não vou mesmo! Perco tempo e gasto dinheiro, muitas vezes, sem precisar!

Quem me conhece sabe que não espero em filas para comer. É que viro logo as costas! Mesmo que o restaurante seja o mais XPTO do momento! Aliás, nem para comprar bilhetes no cinema eu espero!

Fico com uns nervos sempre que qualquer coisa me cheire a perder tempo... nem vos passa pela cabeça!
(e já não falo de ir às finanças, aos correios ou ao médico...)

Detesto perder tempo. Fico mesmo nervosa! MESMO! 
Acredito que é precioso, o tempo. Se não o aproveitarmos da melhor maneira possível quando dermos conta já passou... e nada restou...

Para mim é tão precioso o tempo que não o perco com pessoas vãs. E já dizia o poeta "Há gente que fica na história da história da gente", porque, acredito, souberam usar bem o seu tempo. Marcando a vida dos que com eles se cruzaram, de forma positiva, de verdade.

Usemos esse positivismo, essa verdade na forma como usamos o nosso tempo. Esse bem precioso. Saibamos, de forma inteligente, ficar na história da história de alguém.

Minimizo o tempo perdido nas inolvidáveis rotinas do meu quotidiano. Sou mãe. Mas, quem me conhece, sabe que há coisas em que não me importo nada de perder tempo. De investir o meu tempo... escrever, por exemplo (passo horas nisto). Trabalhar. Divertir-me. Viajar (mas a viagem não pode ser muito longa). Conversar. Cozinhar (em ocasiões especiais). Passear. Ler. E crescer. Com tudo isto crescer. A ignorância combater.

Também não perco tempo em frente à televisão com coisas que não valem a pena

(C'a nervos pensar que estamos a chegar ao fim do mês e as compras ainda estão por fazer!! - Respira Cláudia! Respira!)

segunda-feira, 28 de outubro de 2013

O multibanco não dá talão!

Tenho uma amiga por afinidade de quem gosto muito (sim, originalmente é amiga de uma prima minha e minha amiga por causa disso. Mais tarde viemos a cimentar uma amizade com base em princípios e valores comuns. E, também, uma história de vida parecida. Não sei se algum dia a teria conhecido se não fosse a minha prima, por isso, é bom ter primas!).
 
Gosto mesmo dela!
Bem disposta, dona de uma contagiosa e genuína gargalhada que a todos põe bem dispostos. Grande humor e atitude. Uma pessoa de bem com a vida. Para além disso, ainda trabalha numa das minhas áreas de eleição, ou seja, na área da psicologia e desenvolve e defende algumas teorias com as quais me identifico a 200%.
 
Não estou a falar de teses de mestrado ou doutoramento, não! Mas de teorias e filosofias de vida que, se atentarmos ao seu real significado, descomplicamos uma série de coisas.
 
Uma dessas teorias ocorre-me com frequência, sobretudo quando quero fazer qualquer coisa no multibanco e desisto quando percebo que o mesmo não dá talão. Entre levantamentos, pagamentos, transferências, consutas de saldo, etc., etc. ,temos um leque de opções que nos facilitam a vida, mas que, sem talão, corremos o risco de não conseguir comprovar nada. Por isso mesmo, quantas vezes viramos costas à máquina porque a mesma "não dá talão"?
 
No que respeita a levantamentos a minha amiga tem uma teoria porreira. Para já, recusa-se a fazer consultas de saldos e quando precisa de levantar dinheiro se a máquina não der talão, ela levanta na mesma!  Ah pois é! Para ela não é o talão que importa. Não são os números que lá vêm que fazem dela uma pessoa mais ou menos feliz.
 
A minha amiga, amiga do seu amigo, diz que o que realmente importa não sai plasmado em talões pela boca de automatismos. O que realmente importa, são os afectos e é isso que a faz feliz. Não deixa que a sua vida dependa disso. E não, ela não é rica! É uma rica pessoa, isso sim. É um rico ser humano. Vive do seu trabalho, sobrevive com o que tem. Mas preenche os seus dias da forma mais absoluta de todas.
 
Concordo com esta postura!
Identifico-me com esta postura!
 
Somos uma marionetas!
Quando é que deixámos de ser livres? Alguém se lembra?
 
Às vezes não temos noção de como estamos dependentes de uma série de tecnologias e, consequentemente, de como isso tem implicações na nossa vida!
Fazemos tudo sem pensar. Basta faltar a luz em casa para ficarmos completamente desorientados. Ficamos sem fogão (se for eléctrico), sem microondas, sem computador (se não tiver bateria), sem telemóvel (quando acaba a bateria) e, em alguns casos, nem os estores de casa se conseguem abrir. Isto para numerar, apenas, meia dúzia de coisas.

Estamos dependentes de tudo!
De um telemóvel com máquina fotográfica, com acesso à internet e capacidade ilimitada de conversação. De um carro que abra as portas à distância, de um carro com comandos no volante. Estamos dependentes de uma série de coisas que nos controlam a vida!
Li-te-ral-men-te!

E, sem darmos por isso, damos cada vez menos valor ao que realmente importa!

A minha amiga, não quer saber do talão. Diz que a razão, a emoção, o bater do coração não vêm num talão. A amizade, a alegria de viver, o saber, não vêm num talão.

E eu concordo com ela.

Já tentei fazer o mesmo. Mesmo porque, quando olho para o talão, fico com vontade de chorar... o melhor mesmo, é não olhar! O melhor mesmo, é andar, andar! Avançar e não parar por causa de um talão depressivo...

O multibanco não dá talão? Pois então, alegremos o coração!

sexta-feira, 25 de outubro de 2013

É à escolha do freguês!

Sábado e Domingo! Dois dias que, por norma, representam descontracção (mesmo que estejamos a trabalhar, como a mim acontece, há sempre uma esperança íntima de fazer qualquer coisa diferente da rotina diária nestes dias).
 
Podemos descontrair em família, descontrair com amigos, descontrair sozinhos. Ele há para todos os gostos.
 
E este Sábado e Domingo são dias bons para:
 
- Participar na 1ª Corrida Montepio  

Serão 10 km de solidariedade e associativismo a favor da Cruz Vermelha Portuguesa
 
- Ir ao Mercado de Outono de Cascais
 
A Câmara Municipal de Cascais promove mercados temáticos mensalmente.
Este, adivinha-se, será uma mistura de aromas e cores de Outono
 
 - Tomar um brunch n'A Padaria Portuguesa

A Padaria está a pomover um concurso de Pães de Deus. Espreitem no Fb
 
- Navegar neste blog
- Jantar fora com amigos
- Fazer um bolo de chocolate com nozes

Tirei a receita da net, já parti as nozes e amanhã aventuro-me com os meus filhos

- Visitar a exposição que está no Museu do Oriente e que termina no Domingo, sobre "Cartazes de Propaganda Chinesa - A arte ao serviço da política"
 
 - Pura e simplesmente não fazer nada!!
 
Cá por mim, vamos ver o que conseguirei fazer. Às vezes a vontade é muita e depois... também sabemos que às vezes não vale a pena programar muito... Tenhamos fé!
 
Ficam as dicas! Agora:
 
- É à escolha do freguês!

quinta-feira, 24 de outubro de 2013

Apanha-me se puderes!

Ueepáááááááááá!!

Então não querem ver que em menos de duas semanas o blog já foi visitado mais de 1000 vezes???

Das duas uma: ou eu escrevo muuuiiitooo bem!!!! Ou vocês são muuuiiitoooo generosos!!! (tendo em conta que é um blog em que predomina o texto e não a imagem, este é um número altamente!)

Isto é só coisas boas:
- motiva continuar a escrever
- motiva a partilha
- gera conversações em torno dos textos
- exercita a criatividade
- promove a descoberta de novos blogs

Muito bom!!

A este ritmo estou, não tarda nada, na recta da meta com os bloggers profissionais! (presunção e água benta...) E quando der por mim, olho para trás, ponho um ar de quem sabe muito sobre o assunto, aceno aos meus fãs (que entretanto já desmaiaram à minha passagem), imagino-me com uma capa esvoaçante atada ao pescoço, coloco a voz, semi-cerro os olhos e digo:

- Apanha-me... se puderes!!

E lá vou eu! Pela auto-estrada da blogosfera!

Obrigado. Muito obrigado!

Às futuras mamãs que me acompanham, atenção que isto é contagioso!

O melhor do meu dia

Este é o selo que encontram do lado direito do blog. Se clicarem, vão ter à página de uma blogger, a Catarina Beato, autora do Dias de uma princesa que também já encontram em livro.

Este é um selo criado pela Catarina, jornalista, mãe solteira de dois rapazes, criativa e persistente, que um belo dia teve a ideia de criá-lo em função dos dias difíceis que vive (e que todos temos).

"O melhor do meu dia" é sugerido, por mim, como um exercício diário.

Consiste em, todos os dias, na hora de dormir, (podemos até já estar na cama) pararmos para pensarmos no ponto alto do nosso dia. Pode ser qualquer coisa. Não há receitas para isso! 
Ninguém nos poderá dizer o que é para nós um momento significativo. E mais, não se acanhem de dizê-lo em voz alta, mesmo que para o outro isso possa significar uma tristeza de vida se ficarmos contentes com o cão ou o gato a receberem-nos quando chegamos a casa. Ei! Esqueçam isso!

Só cada um de nós sabe o que nos vai na alma!!

Mesmo nos dias menos bons devemos fazer um esforço para pensarmos em algo que tenha corrido bem. Tudo o que nos faz bem, pode traduzir-se em qualquer, mas mesmo qualquer coisa.

Ontem tentei fazer este exercício e, devo dizer-vos, que um dos pontos altos do meu dia foi ter percebido que este blog, sim!, este blog que estão a ler, é seguido nos Estados Unidos. Aliás, é o segundo país de onde tenho mais visualizações e seguidores. Como? Não sei (nem interessa nada. Para já...). Mas foi um momento alto que fez com que a última coisa que fiz antes de dormir foi... sorrir...

Corremos o risco, é claro, de termos dias absolutamente espectaculares em que, dificilmente, conseguiremos eleger um único momento. Aí, tanto melhor! Passaremos o dia a sorrir. Mas gostei imenso da ideia e, sobretudo, gostei de pensar na possibilidade de transformá-la num exercício diário com a família!


"O melhor do meu dia" pode até ser o pior no dia de alguém, mas isso... não interessa para nada! (e se assim for garanto-vos: vão adormecer de sorriso rasgado. Vá, digam lá que não é assim?)

Obrigado Catarina, por esta ideia! 

quarta-feira, 23 de outubro de 2013

Mamã dá licença?

Se há coisa espectacular que me deixa nas nuvens e com o ego do tamanho do mundo, é quando me dizem que os meus filhos são bem educados! (atenção, não confundir traquinice com má educação!)
É claro que respondo sempre: "Obrigado, mas é algo que dá muito trabalho e tal...!" (do género, vê lá se aprendes alguma coisa que isto das crianças serem bem educadas é tarefa dos pais).

Fico mesmo, MESMO, feliz da vida! Uma espécie de recompensa depois de executar correctamente o número para o qual me habilitei! O de mãe!

Quem tem filhos e ouve coisas destas, sabe bem a que me refiro! Mas ele há coisas que ainda me deixam meio atordoada, assim meia dormente, sem saber muito bem o que pensar...

Já não é a primeira vez que me dizem que é antiquado os meus filhos pedirem licença para saírem da mesa quando acabam de comer. Será mesmo? Não penso assim. Penso que é uma forma disciplinada de sair da mesa quando acabam uma refeição, sem se porem a correr feitos malucos em direcção às brincadeiras que deixaram a meio, largando os talheres de qualquer maneira, ainda a mastigar, com a boca suja e sem respeito por quem está, também, à mesa. Para mim tem várias vantagens: 

- não saem da mesa a meio da refeição
- esperam um pelo outro (só têm licença quando os dois acabam de comer)
- ganham disciplina (o que não lhes fica nada mal)

Antiquado? (Às vezes apetece-me corrigir: "Desculpa, mas não querias dizer adequado?") 
Parece-me, isso sim, que hoje em dia ter maneiras é que é qualquer coisa estranha, trabalhosa, diferenciadora... Dá trabalho? Ok, também quando estou com eles não devo estar a fazer mais nada. Por isso, invisto! É estranho? Ok, também eu! Cada família com as suas manias. Diferenciador? Ok, desde que seja pela positiva. (e eu acho que é!)

Agora, não acho muita piada. Eu também não comento quando vejo crianças que não pedem licença para sair da mesa. Não comento quando atiram comer para o chão. Não comento. Ponto final. (à frente dos pais, não comento mesmo!) E tento fazer um esforço para perceber porque motivo é que isso acontece!

Eh pá! Os meus filhos não são perfeitos (graças a Deus!), mas calma lá!!! Educação e respeitinho é muito bonito e eu gosto! Acho, até, que deviam dar alvíssaras a quem tiver!

Mas também há cenas engraçadas da parte deles. A mais velha quando dá conta de qualquer coisa que sabe que irá, à partida, deixar-me irada, diz ao mais novo:

- Não sabes a mãe que temos? (pareço um bicho do mato)

E depois vou a ver e pronto, nada de especial. Ele só enfiou um rolo de papel higiénico na sanita! (brincadeira)

É mais ou menos assim. Ela peca no exagero. Ele peca na falta. (mas ambos pedem licença para sair da mesa)

Mas numa coisa são iguais (o que me faz pensar que estou constantemente a brincar ao "Mamã dá licença?"): pedem autorização para tudo! Mas tudo!! (bom... tudo não... não pedem licença para fazerem disparates...)

- Mãe, posso ir à casa de banho!
- Mãe, posso ir beber água?
- Mãe, posso comer uma banana?
- Mãe, posso ir brincar?
- Mãe, posso..........??

É demais! 

Levei algum tempo a perceber o porquê disto? Cheguei mesmo a pensar que era muito exigente, ao ponto dos meninos não terem à vontade para satisfazerem as suas necessidade mais básicas! Até que... percebi... (ufa)

Eles estão habituados a pedirem autorização para tudo nas escolas. Ai deles que saiam das salas para qualquer coisa sem pedir autorização. Construí esta teoria! (e já constatei com as mães dos colegas deles)
Mas, confesso, andei preocupada com isto!

Agora encaro como um jogo.
- Mamã dá licença? Quantos passos?
- Três à tesoura em direcção à mãe com beijinhos a abraços.
- Ó mããããeee!!!!

Fim de emissão

Tenho andado com um problema (mais ou menos grave) e não encontro solução nenhuma. Não sei se acontece o mesmo convosco, mas começo a ficar realmente preocupada. E, pior, a culpa desse meu problema é o sofá lá de casa!!!
Passo a explicar:
Entendo que o meu dia-a-dia está dividido em quatro turnos. Quem me conhece sabe que digo isto há muito tempo. O primeiro turno começa pelas 7h30 e consiste no despertar, preparar pequenos-almoços, tratar das crianças (e de mim!), deixar tudo mais ou menos no sítio e fazer a distribuição pelas escolas.
Quando dou por mim a estacionar o carro perto do meu local de trabalho, é porque estou a começar o 2º turno. Esse prolonga-se até à hora de sair (incluo aqui o trabalho e a hora de almoço com os colegas). Pelas 17h30 começa a recolha das crianças (ou isso ou a mais velha fica na rua, à porta da escola, porque este país não é para velhos, nem para novos).
Começo aqui o 3º turno. Este prolonga-se até à hora das crianças irem para a cama. Abarca todas as rotinas, desde actividades extra-curriculares, ginasticar, apoio nos trabalhos de casa, banhos, jantares, preparação do dia seguinte, histórias e brincadeiras, até que começa a contagem decrescente:
- Faltam 10 minutos! (esta foi uma estratégia que encontrei para o pessoal protestar menos na hora de lavar os dentes)
O 4º turno tem início depois de encerrados os trabalhos (os domésticos!). Inclui conversa ao serão (com o marido), conversa ao telemóvel, conversa na net, pesquisas, leituras, escritas, por vezes uma ou outra visita de amigos (sim, mesmo durante a semana. Aquela casa às vezes parece um carrossel. Sai um, entra outro! mas eu ADORO!!), ver uma série (acompanho pouca coisa) e, voilá, o turno mais descansado acaba num instantinho. A seguir, cama!!
Ora bem, isso era antigamente! A seguir, cama?? Não! Não tenho conseguido ir para a cama. Tenho feito uma coisa que me deixa louca! Encosto-me no sofá... (começo por pensar que é só por um bocadinho)... depois vou buscar uma mantinha... (penso que é só por um bocadinho)... depois começo a piscar os olhos (penso que é só mais um bocadinho)... depois fecho os olhos sem dar por isso (e aí já não penso nada) e, pronto! Acabou-se!! Ele são 4, 5 da manhã quando vou para a cama? Mas isto cabe na cabeça de alguém?? Ou seja, arranjei um turno extra antes de ir para a cama! (o problema é que sabe bem...)
Tenho andado a pensar no assunto e todos os dias digo que vou para a cama na fase do piscar de olhos, mas não vou. Vou é ficando, ficando, fica..., fic..., f....
A culpa disto acontecer (além do sofá ser excelente e de não ficar com dores no corpo, senão não repetia a brincadeira) é da televisão que funciona durante 24 horas por dia (à excepção da TCM e de alguns canais de animação infantil).
Ora bem, quem dorme no sofá sabe que, durante o sono no sofá lá vamos abrindo um olhito e outro e a televisão está SEMPRE a dar qualquer coisa. No meu subconsciente se a televisão ainda está a transmitir é porque ainda são horas de estar a vê-la. Sim, por que eu sou do tempo em que a transmissão acabava e aí, sim, estava na hora de ir para a cama.
Lembram-se disto?

Era assim, mais ou menos a partir da meia-noite. A mira técnica da RTP a preto e branco.
(lá em casa ainda tivemos televisão a preto e branco por alguns aninhos. A determinada altura comprou-se um filtro/protecção que se colocava à frente da televisão para "dar cor"...)


Antes de aparecer a mira técnica, a imagem ficava escura e dizia: "Fim de emissão"!


Na década de 80 começaram as transmissões a cores com maior regularidade.
Mas a emissão terminava pela meia-noite. Sempre com um simpático "Boa-noite!" da locutora e a mira técnica, agora a cores, acompanhada de música clássica.

Eu lembro-me disto! E, se, na altura era uma chatice aparecer a mira (significava que não havia mais nada para fazer...) agora chego à conclusão que me dava jeito ter qualquer coisa que anunciasse o fim da transmissão! À medida que ía abrindo um olhito e outro lá havia de calhar ver que:

1º estava na hora de ir para a cama
2º estava na hora de TODOS irem para a cama
3º evitava um turno extra
4º poupava o sofá
5º poupava na electricidade
6º não interrompia o sono
7º evitava a chatice de estar a chamar o meu marido e ele "estou a ver se dá alguma coisa noutro canal.."

Evitava muita coisa!

Afinal, a culpa do meu problema, que se tem vindo a transformar num turno extra, é da falta do "Fim de emissão".
Acho que vou escrever para o provedor do telespectador a propor isto!!

terça-feira, 22 de outubro de 2013

Este país não é para velhos!

Escrevi aqui sobre este livro. Já passaram uns anos. Na altura muitas pessoas nem sabiam que era o título de um livro (da autoria de Cormac McCarthy), mas antes de um filme. O mesmo tinha sido adaptado pela indústria cinematográfica e tinha conquistado o óscar de melhor filme (2008). Isso... toda a gente sabia...

Mas a força do seu título faz com que dificilmente nos esqueçamos do mesmo, sendo comum ouvi-lo aquando de alguma injustiça.

Nos dias que correm cada vez mais repito-o em silêncio, como se de um eco se tratasse. Vivemos num país assim, que não é para velhos. Mas, para mim, se isto já por si é assustador, fico ainda mais assustada quando me apercebo que a definição de "velho" sofre alterações de dia para dia.

No dicionário encontramos a seguinte: qualidade do que existe há muito tempo ou tem mais idade. Mas, esperem lá, o que existe há muito tempo, não é o que tem mais valor? O que tem mais idade, não é mais conhecedor? E em que idade é que começamos a "ter mais idade"? Estou a ficar baralhada...

Estou na casa dos 30 (a caminhar para os 40...). Penso que ainda sou jovem. Mas quando faço uma breve pesquisa online pelo mercado de trabalho (escasso) sinto-me uma v-e-l-h-a!! Idade máxima para concorrer: 30 anos! Requisito: experiência na área! ("muita", acrescentam no contacto posterior). Isto é indecente!

É indecente viver num país assim! Somos jovens (ou não, depende do ponto de vista) e caminhamos... para velhos, claro está! E os que hoje são velhos, claro está, já foram jovens! Trabalharam uma vida inteira a pensar na sua velhice. A pensar numa forma de viver sem sofrer, de transmitir ensinamentos aos mais novos, de não serem um fardo para ninguém. Resultado? São velhos e ponto final. Não valem nada!

Vivemos num país, assim. Em que, ser velho, é sinónimo de esquecimento. Em que ter experiência de vida, é perigoso! Em que a vontade de viver cedo começa a desvanecer!

Não serão estes os velhos que sustentaram o nosso Estado durante anos a fio? Não serão estes os velhos que ajudam os novos a sobreviver? Não serão estes os velhos que, sem querer, são fundamentais para esta geração permanecer?

Quantos velhos, com as suas parcas reformas, sustentam filhos e netos que se viram sem pão pelo estado da nação? Quantos velhos contam feijões por se verem sem tostões? Quantos velhos, trapos esfarrapados, sem valor na sociedade, nos ensinam que a juventude não tem idade?
Imagem de Pedro Cruz
Este país não é para velhos! Pois não! Nem para jovens, nem para intermédios... é para homens sérios... que nos desgraçam a vida, o coração, e até a razão! É para homens sérios... sentados em ministérios, verdadeiros mistérios do coração!

As mãos que me sustentam

Quando se fala em embalar (de "embalo" e não de "embalagem"), rapidamente construímos a imagem de uma mãe com o seu bebé ao colo na hora de dormir. E para pessoas mais criativas (ou mais românticas), esta imagem ainda vem acompanhada de uma janela de fundo a completar o cenário da mãe sentada numa cadeira de baloiço.
 
Quando se fala em embalar, associamos a ideia à hora de dormir, a um acto a que se recorre para acalmar um bebé a chorar e, sempre, sempre, de cima para baixo, ou seja, dos pais para os filhos como se os pais não precisassem, também eles, de embalo...
 
E quando o assunto é este, muda a expressão no rosto das pessoas, o tom de voz e, até, a postura com que estão no momento. O embalo é algo que nos leva ao nosso passado, aos tempos de criança (que os de bebé não nos lembramos) e temos saudades disso. Aos que são pais, também a conversa pode levá-los aos momentos de embalo que passam com os seus filhos.
 
E será que deve resumir-se a isso, o embalo? Será que é só isso mesmo? Será que à medida que crescemos já não somos embalados por ninguém? Será que as mãos que nos sustentaram no sono, na birra, na irritação, no crescimento, desapareceram por completo? E será que serve apenas para isso, o embalo?
 
Fomos embalados até chegarmos à idade adulta. Tenho a certeza! Mas também tenho a certeza que somos embalados diariamente, porque o embalo é mais do que o colinho na hora de dormir. O embalo é o abraço na alegria e na tristeza. É a mão que nos ajuda a levantar. É o sorriso que nos conforta. É a mensagem de e-mail que nos desperta. É a chamada telefónica na hora H. É tudo o que nos faz bem! É tudo o que quisermos!
 
É a partilha, a amizade de alguém, as conquistas que nos acalentam (as dos filhos, as dos conjugues, as dos irmãos, as dos pais ou as dos amigos). É o amor que cresce, diariamente, quando estamos apaixonados. É o amor que nos incendeia quando estamos enamorados.
 
O embalo, são as mãos que nos sutentam. E as minhas, mal elas sabem, são estas que ao receber o meu embalo, embalam-me a alma! E, por isso, continuo a crescer... sem aquele colo, é certo, mas com o colinho que dou, com o colinho que sou, com o colinho que se gerou em cada gesto meu.
 
Adoro o colinho dela!
Adoro, mesmo, este colinho!
A idade (dela) já não me perdoa os excessos de colo que quero dar-lhe (ou receber!) e, por isso, tenho que manter a distância... Mas ela não imagina como me carrega ao colo com as suas conquistas, com o seu sorriso, com o seu desenvolvimento, sentido de justiça, sensibilidade, bondade e astúcia. É astuta, uma verdadeira senhorinha!
Uma mão que me sustenta...


Adoro o colinho dele!


E este embalo? Ele não faz ideia, sequer, do que me dá com o seu embalo. Não faz ideia de como me aviva a memória da primeira experiência. (Daquela que já quer pouco embalo...) Não faz ideia de como a sua traquinice veio dar vida às nossas vidas. Não sabe como o seu sorriso nos desarma e nos derrete a alma e nos enche de alegria. Não faz ideia de como me sustenta, diariamente e de como também ele, o petiz, faz a irmã feliz...
Esta, é outra mão que me sustenta...

Pensemos em como temos embalo. Imaginemo-nos ao colo das nossas mães, no lusco-fusco, numa cadeira de baloiço, com uma janela de fundo iluminada pelo luar. Pensemos nisso como uma recordação construída por alguém, mesmo que vivida, será sempre construída (não temos essa memória) e acreditemos que também connosco foi assim. Mas tenhamos consciência de que esse embalo transformou-se, não desapareceu! Transformou-se no modo de dar e receber. Figurativamente ele está presente!

Cabe-nos a nós dar por isso!

segunda-feira, 21 de outubro de 2013

É simples! (E não é que é mesmo?)

Passei o fim de semana por casa com a família e amigos.
 
Passei o fim de semana com cheirinho a Inverno. Daqueles fins de semana de que gosto particularmente: as crianças bem dispostas (com os pais disponíveis a 200%), os pais a vislumbrarem dois dias de descanso (áparte as obrigações de sábado), os amigos de coração, a minha mana e os aromas típicos de uma tarde de chuva misturada com um forno que trabalhou sem parar. Só faltou, mesmo, a lareira acesa (apesar da vontade, o calor humano foi mais que suficiente para nos mantermos muito confortáveis).

Passei o fim de semana como gosto! E, do que mais gosto nestes dias é, sem dúvida, de pensar em como vou receber os meus amigos. O que vou cozinhar, como vou pôr a mesa, que velas aromatizadas vou usar, que toalhas vou pôr na casa de banho, que roupa vou vestir aos meninos, que lembrança terei para a filha dos meus amigos, que flores irei comprar (adoro ter flores nas jarras e faço questão de tê-las), entre outras mil e uma coisas de que me vou lembrando. Adoro receber e sentir que, me minha casa, todos gostam de estar! E adoro pensar que, assim, estou a construir memórias para o futuro dos meus filhos que, um dia, irão dizer: "este cheiro faz-me lembrar a casa dos meus pais..."

Passei um fim de semana como gosto!
 
E como gosto de partilhar o que me faz sentir bem, deixo-vos uma imagem apenas para ficarem com uma pequena ideia do cheirinho que invadiu a nossa casa:


É verdade! Pão com chouriço (e azeitonas)! Caseirinho!! É claro que tive ajuda para amassá-lo e enrolá-lo (e comê-lo), mas foi tudo feito à lá mano! E sabem de onde tirei a receita? Daqui! É um blog muito português de uma linda mulher (por acaso alentejana), mãe, trabalhadora, pintora e, também, psicóloga, médica, contadora de histórias, cozinheira, esposa, amiga, confidente, entre outras mil e uma profissões que têm as mulheres!!

A Mulher Portuguesa é um blogue que vale a pena conhecer! Tem dicas úteis que nos faciliam uma série de coisas. Tal como esta que acabei por transformar nisto:

 
Apetitoso, não é?
 
Espreitem e façam como eu: usei o mesmo ingrediente secreto em tudo. Conseguem adivinhar qual é? Claro que conseguem e quando pomos tudo o que temos no mínimo que fazemos, corre sempre bem.
 
 A Mulher Portuguesa diz que "É simples!" e eu acrescento "E não é que é mesmo?".

terça-feira, 15 de outubro de 2013

O vale dos lençóis

Marieta era uma linda mulher que vivia apaixonada. Apaixonadíssima por tudo na vida. Por si, em primeiro lugar, pela família, pelos amigos, pelo que fazia, pelo que não fazia. Apaixonada pelas coisas mais banais, pelas coisas mais comuns, pelas coisas que também apaixonam poetas e românticos escritores. E, como todos os apaixonados, tinha paixões que não se explicavam...
Estava a iniciar uma nova fase da sua vida. Desapaixonara-se do seu marido, apaixonadamente. Como tudo o que fazia, fazia com paixão, quase parecia obsessão, tanta perfeição. A do marido, claro, que de paixão... pouco percebia e, por isso, não entendia o poder da discussão... (com paixão).

Marieta descobrira que durante muitos anos decidira, sozinha.
Marieta descobrira que durante muitos anos amara, sozinha.
Marieta descobrira que durante muitos anos vivera, sozinha.

Nesta nova fase da sua vida, tudo era motivo de paixão. Uma nova casa, uma nova rotina, uma nova cortina. Novos amigos, novos sarilhos, novos trapilhos. Andava em mudanças, mas com poucas esperanças de reaproveitar o que fazia parte da vida que agora acabava.
Instalara-se num pequeno apartamento que pintara de branco, com paixão. Tinha tudo espalhado pelo chão numa plena confusão! E, no meio dos caixotes, um coração...

Marieta sabia que a vida é mais que um ramo de sonhos expostos numa jarra. Marieta sabia... mas não queria... deixar de sonhar... E, quando parava para nisto pensar, logo encontrava uma forma de desanuviar.

Procurou de caixote em caixote, de saco em saco, de monte em monte algo que lhe despertasse a atenção e não é que encontrou?
Uma das suas paixões, motivo de discussões, eram os pequenos papéis que a levavam a consumir sem de nada precisar. Esses pequenos papéis que lhe enchiam a carteira e a mala e a pasta e as gavetas e, por eles, ficava sem cheta!

Pensou "bolsa leve, coração pesado" e foi nesse estado e de bom grado que saiu de casa. Tinha encontrado o vale, há muito guardado, que lhe dava desconto na compra de uns lençóis. Depois de vários brióis numa cama sem chama, lá foi Marieta, sem cheta, antes do virar da ampulheta. E, dentro dela, parecia tocar uma corneta!

segunda-feira, 14 de outubro de 2013

Não tem mensagens novas!

No dias que correm, não conheço ninguém que viva sem telemóvel. Sem computador. Sem qualquer dispositivo electrónico que lhe permita estar em constante contacto com o mundo virtual! Esse tão criticado mundo de contactos, reservado apenas aos anti-sociais e outros que tais! (não tenho paciência para estes clichés)

Nos dias que correm stressar por estar sem telemóvel, ou porque a bateria pode acabar, ou porque pode ficar sem rede, ou porque pode ficar sem saldo e, assim, incontactável, é já considerado uma doença: nomofobia (advém do inglês "no mobile").
As pessoas sofrem com isto, pois é o telemóvel uma companhia, um barómetro de popularidade (através do número de mensagens ou chamadas que recebem), uma questão de status (sobretudo se tiverem o modelo XPTO, o topo de gama) ou, muito simplesmente, uma prova de que têm pouco que fazer (com o telemóvel ligado, as pessoas sentem-se acompanhadas)!

Já repararam na quantidade de vezes em que, quando estão com amigos, familiares, conhecidos ou colegas de trabalho, muito discretamente alguém deita um olho ao telemóvel para ver se tem alguma mensagem? Primeiro que tudo: quando as pessoas se juntam, juntam-se também os belos dos telemóveis! Em cima da mesa, ao lado uns dos outros, como se estivessem também eles em reunião. Depois, quem tem ainda o pudor de o manter no bolso do casaco ou no bolso da mala, a determinada altura lá vai com a mãozinha pegar no dito, só para ter a certeza de que não está a tremelicar! E, quando a ansiedade já não aguenta mais, lá vai uma espreitadela (a modos que ninguém reparou)!

Isto é, de facto, a realidade em que vivemos!

Ainda me lembro de quando foi instalado o telefone fixo lá de casa. Um acontecimento digno de bandeirinhas a enfeitar as ruas e da fanfarra dos bombeiros a tocar! Primeiro, arrumar a casa para receber os técnicos da PT! Depois, discutir o melhor sítio para que o telefone ficasse exposto (qual peça de museu). Por norma, logo na entrada, para que as visitas ficassem logo informadas sobre a modernidade do lar! Por fim, e depois de instalado o bicharoco, a derradeira experiência: todos tivemos ocasião de levantar o auscultador para ter a certeza de que lá estava o "piiiiiiiiiiiiiiiii"! Até arrepiava!

Quando tocava, o que acontecia raramento (numa primeira fase), era um ver se te avias para atender a chamada! Como se do outro lado pudesse estar o Presidente da República para dar os bons dias! Mas atenção!! As crianças estavam proibidas de se aproximarem, não fosse aquilo causar-lhes uma doença rara (assim do género: ficar com falta de vista por estar perto da televisão. Quem sabe, ficaríamos com falta de audição!)

Bom, mas isto para dizer que um destes dias (fruto de estar fartinha destas cenas dos telemóveis), estando eu num agradável serão com amigos, mais os seus amigos telemóveis, comecei a ficar irritada com um que não parava de enviar e receber mensagens, esforçando-se por se mostrar atento à nossa conversa, outro que de vez em quando lá punha a mão no bolso do casaco e outro ainda, mais estúpido ainda, que carregava no visor para ter a certeza de que não tinha recebido nenhum envelope (tinha o telemóvel mesmo à frente dos olhos!).

O que é que eu fiz para parar com isso? Retirei-me, fui buscar o meu telemóvel e enviei uma mensagem para cada um dos presentes, a seguinte: Não tem mensagens novas!

Ficou provado aquilo que todos sabemos!

Primeiro: os telemóveis estavam a funcionar!
Segundo: sempre que recebem mensagem, o telemóvel toca, a luz acende e alguns ainda tremem!
Terceiro: estava tudo atento ao telemóvel!
Quarto: quando o telemóvel dá sinal, pára tudo!
Quinto: a ansiedade é tão grande que nem repararam que estavam a receber mensagens ao mesmo tempo!
Sexto: ainda é possível ter serões agradáveis com amigos. Depois da brincadeira, arrumaram todos os ditos, qual pacto de sangue, e cumpriram com a palavra: até ao final da noite, só se tocasse é que se daria atenção ao aparelho!

E assim foi!

Fica a dica, para quem sentir o mesmo que eu!